Plano Safra 2025/2026 tem volume recorde, mas juros mais altos preocupam o setor
O governo federal anunciou nesta terça-feira (1º) o Plano Safra 2025/2026 voltado a médios e grandes produtores rurais. Com R\$ 516,2 bilhões em crédito, o valor representa um crescimento de apenas 1,5% em relação à safra anterior, o menor avanço percentual desde 2020. O dado gerou reação no setor agropecuário, que aponta perda de poder de investimento diante da alta de custos e das taxas de juros aplicadas.
Do total anunciado, R\$ 414,7 bilhões serão destinados a custeio e comercialização, enquanto R\$ 101,5 bilhões ficam reservados para investimentos. Apesar do valor total ser considerado recorde, entidades do setor apontam que, em termos reais — descontada a inflação acumulada no período —, não há expansão significativa. Outro ponto de atenção é a redução nos recursos voltados a investimentos, com recuo de cerca de R\$ 6 bilhões em relação ao ciclo anterior.
As taxas de juros subiram em todas as linhas. Operações com grandes produtores chegam agora a 14% ao ano. Para médios produtores enquadrados no Pronamp, os juros variam entre 10,5% e 11%. Linhas de investimento, como construção de armazéns e aquisição de máquinas, também sofreram elevação, atingindo até 13,5%. Para produtores com perfil empresarial, esse aumento representa um custo de capital mais alto em um momento de preços agrícolas pressionados.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) divulgou nota criticando o volume de recursos para equalização dos juros, considerado insuficiente para atender à demanda do crédito rural. Segundo a entidade, a diferença entre o valor solicitado (R\$ 25 bilhões) e o liberado pelo governo (R\$ 14 bilhões) poderá comprometer a liberação efetiva dos financiamentos por parte das instituições financeiras.
Ainda assim, o plano mantém incentivos para práticas sustentáveis e tecnologias de baixa emissão de carbono. O programa RenovAgro segue com redução de juros para quem adotar técnicas ambientais reconhecidas, além da ampliação para financiamentos em reflorestamento, combate a incêndios e recuperação de áreas protegidas. Outra medida anunciada é a unificação dos programas Moderagro e Inovagro, com o objetivo de facilitar o acesso a recursos para modernização.
O Plano também reforça a exigência de obediência ao Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) em todas as operações de custeio agrícola. A nova regra amplia a exigência, antes limitada a pequenos produtores, e passa a valer para todas as faixas de crédito.
Embora os recursos totais ultrapassem meio trilhão de reais, representantes do agro argumentam que os custos mais elevados e o ambiente de crédito mais restritivo devem limitar o acesso aos financiamentos, sobretudo entre os produtores médios. Para especialistas, o cenário exige replanejamento por parte do setor.
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