Tecnologia brasileira mede maciez da carne em tempo real e sem cortes
Pesquisadores da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR), em Mato Grosso, desenvolveram um protótipo portátil capaz de avaliar a maciez da carne bovina de forma não invasiva, em tempo real, diretamente na indústria. A ferramenta utiliza espectroscopia por reflectância e câmeras multiespectrais, que projetam luz sobre a carne e captam o retorno óptico para extrair dados sobre teor de gordura, umidade e estrutura muscular. Esses dados são interpretados por algoritmos de inteligência artificial com mais de 80% de precisão.
A inovação, financiada pela Fapemat, pretende substituir métodos laboratoriais tradicionais, como a força de cisalhamento — técnica considerada destrutiva e pouco prática no ambiente industrial. O sistema já passou por validação técnica e opera como protótipo funcional, com possibilidade de integração às linhas de abate. Entre os principais benefícios estão a redução de perdas por amostragem, economia de tempo e custos, além da aplicação em programas de controle de qualidade e rastreabilidade.
A tecnologia foi desenvolvida com foco em viabilidade para o setor frigorífico brasileiro, diferentemente de soluções internacionais com alto custo ou baixa aplicabilidade. Além da criação do equipamento, os pesquisadores estruturaram um banco de dados robusto com imagens espectrais e parâmetros de qualidade da carne, o que fortalece o potencial de uso em programas de certificação, melhoramento genético e exportação.
Com a tendência de automação no agro e a exigência crescente por padronização e transparência, o avanço pode tornar o Brasil referência em monitoramento de atributos sensoriais da carne. A equipe busca agora parcerias com a indústria para testes em escala e possível transferência da tecnologia ao setor produtivo.
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